quinta-feira, 25 de junho de 2009

A Realidade Nacional

A domótica é a integração de diversas tecnologias, desde a electricidade, electrónica, informática, audio e video e telecomunicações no ambiente residencial (apartamentos, moradias e edifícios de habitação), integrando as diversas tecnologias de forma a realizar a gestão técnica dos sistemas instalados nestes espaços, tornando-os mais ou menos " inteligentes " em função das possibilidades que são dadas ao utilizador para interagir e programar acções .

Um espaço " inteligente " é aquele que proporciona aos seus utilizadores uma total satisfação em termos de conforto, segurança, comunicações e poupança de energia e contribui para o desenvolvimento sustentável da sociedade.

Os espaços " inteligentes", sejam eles edifícios ou habitações, constituem uma realidade e traduzem a evolução que as telecomunicações trouxeram para as áreas da electrotecnia, mecânica e segurança, assim como a sua integração numa envolvente de arquitectura que demonstra um maior respeito pelo meio ambiente e as gerações futuras.

Em termos de edifícios (escritórios, públicos, hospitais, hotéis, etc.) esta preocupação está bem patente logo de início pois, normalmente, os projectos incluem uma componente de controlo e automação que se destina a fazer a gestão de energia actuando primordialmente sobre o aquecimento, ventilação e ar condicionado (AVAC) e outras áreas como a iluminação, por exemplo. O próprio promotor imobiliário encara este investimento como bom pois, por um lado, a isso é obrigado legalmente, a partir de um determinado valor de potência, e por outro, sabe que a gestão técnica faz reduzir consideravelmente o consumo de energia, ou seja, os seus custos de exploração.

Mesmo no caso de o promotor construir o seu edifício e só depois querer decidir, de acordo com o mercado, que destino lhe vai dar (venda a uma única entidade ou a várias, ou simplesmente aluguer na totalidade ou em fracções) tem sempre a possibilidade, e já em muitos casos é o que se passa, de deixar espaços livres como tectos e pavimentos falsos, nichos, caixas e registos espaçosos e condutas, caminhos de cabos e tubagem onde á posteriori são colocados os quadros de controlo e automação e instalada toda a cablagem necessária para tornar o edifício Inteligente, isto é, com todas as instalações e sistemas adequados á ocupação que tem no presente sendo adaptável a novas utilizações, flexível em relação á utilização e evolutivo no que diz respeito a acompanhar as novas tecnologias que que poderão vir a surgir num futuro próximo.
E em termos de edificios de habitação? Pois aí, as coisas não são tão claras! A domótica ou automação doméstica constitui, ainda hoje, algo que desperta interesse e curiosidade, mas constitui claramente uma excepção e não a regra em relação ao que existe no parque habitacional Nacional. Esta é uma verdade, mas constitui algo de estranho pois cada vez passamos mais tempo fora de casa o que obriga a que necessitemos de um certo tipo de ajuda para o controlo e gestão da nossa casa, assim como para a realização de um certo número de tarefas quotidianas. Quando chegarmos a casa desejamos que tudo esteja preparado, preocuparmo-nos o menos possível com tarefas aborrecidas e repetitivas e, deste modo, relaxarmos e, em segurança, desfrutarmos de um merecido descanso.O uso racional da domótica, tendo em devida consideração certas condições ecológicas, proporciona esta ajuda que tanto necessitamos.

Desde o início do Século passado que as nossas casas foram sendo gradualmente invadidas por produtos e equipamentos eléctricos, a maioria deles com muito pouca inteligência. Alguns, inclusive, possuem uma capacidade rudimentar de automação – como um termostato para manter a temperatura de uma sala – mas, são essencialmente unidades sem comunicação com outras e controladas manualmente.

Na década de 90, foram introduzidas novas versões destes produtos eléctricos, baseadas em microprocessadores. Foram também desenvolvidos protocolos de comunicação que proporcionam aquilo que se chama uma rede domótica. Uma rede domótica pode ser definida como um conjunto de dispositivos “inteligentes” que utilizam um protocolo de comunicação sobre um ou mais meios físicos para levar a cabo os objectivos pretendidos. Assim, temos que uma rede domótica não é unicamente um par de fios (ou algum outro meio físico como a linha de energia, as ondas de rádio, o infravermelho ou a fibra óptica) que interliga os vários elementos, mas sim um conjunto de unidades capazes de comunicarem entre si através de um ou mais meios físicos que suportem a comunicação.

Estes dispositivos ou unidades podem classificar-se segundo a sua funcionalidade em: - Sensores: Capturam valores e informações do local como presença de pessoas, temperatura, falta de energia, fugas de água ou gás, incêndio, luminosidade, tempo, vento, humidade,...; - Actuadores: Realizam o controlo de elementos como electroválvulas (água e gás), motores (estores, portas, rega), ligar, desligar e variar a iluminação ou o aquecimento, ventilação e ar condicionado, sirenes de alarme,...; - Controladores: Gerem a instalação e recebem a informação dos sensores transmitindo-a aos actuadores; - Interfaces: Dão e recebem informação para e de o utilizador, constando normalmente de Teclado, Display, TV, PC, Telefone, Telemóvel, PDA, Internet, WAP,...; - Dispositivos Específicos: Elementos necessários ao funcionamento do sistema como Modems ou Routers que permitem o envio de informação entre os diversos meios de transmissão onde viaja a mensagem.

Em http://www.mkti.pt/ pode visualizar exemplos de cada um destes equipamentos de domotica.
Posto isto, já definimos o que é uma rede domótica e como é constituída. Igualmente, já vislumbrámos várias aplicações, mas falta acrescentar que também nas décadas de 80 e 90 apareceram protocolos que se tornaram standards como o X-10, o EHS (European Home Systems), o EIB (European Installation Bus), o BATIBUS e o LON (Local Operative Network), entre outros menos divulgados, significando isto que vários produtos de vários fabricantes podem ser instalados numa mesma rede domótica comunicando todos entre si, desde que utilizem o mesmo protocolo. Isto seria o ideal, algo que até à pouco tempo só os fabricantes integrados sob a organização EIBA, conseguiam realmente fazer.

Actualmente com o surgimento do standart KNX, criado pela junção ods diversos "players " numa mega organização denominada KONNEX, permitiu o surgimento de dezenas de interfaces que realmente conseguem fazer comunicar os diversos componentes das diversas tecnologias referidas. Aliado a isto os preços tornaram-se mais convidativos, ao ponto actualmente, ser possivel automatizar um apartamento ou moradia nova ou até mesmo usada, com investimentos realmente baixos. Há pois condições para podermos falar na consolidação de um mercado de Domotica, dependendo da evolução da variável que iremos analizar seguidamente...
Nos restantes Paises Europeus bem como em algumas urbanizações em Portugal a venda de habitações equipadas com sistemas domótica é mais célere satisfazendo portanto mais facilmente a procura existente no mercado. Mas, não nos enganemos! Isto são ainda excepções, pois a regra tem continuado no N. Pais a ser construir e promover aquilo que é vulgarmente designado de gama de luxo ou alta sem qualquer tipo de sistemas de automação ou controlo, deixando ao comprador a opção única de vir a possuir uma habitação que já está obsoleta ainda antes de ser habitada.

As causas de tudo isto não se resumem à especulação ou ao facto de não existir legislação que obrigue qualquer edificio licenciado a estar dotado do respectivo projecto de electricidade ( por vezes incipiente ). Muitas vezes tais projectos parece destinarem-se apenas e unicamente a interligar lâmpadas, interruptores e tomadas, sem nenhuma preocupação em termos de energia que considere a climatização, a iluminação e a integração de sistemas de telecomunicações e Audio e Video ou outros equipamentos, estando muito longe de contemplarem uma instalação domótica, pelo menos ao nível da pré-instalação.

Igualmente a preocupação ao nivel dos conceitos arquitectónicos deverá ser dotada de preocupações de carácter de funcionalidade e racionalidade energética na futura utilização do edificio. É pois fundamental aqui que haja uma interação mais profunda entre arquitectura e engenharia por forma a sensibilizar o promotor para as decisões que tomadas em fase de projecto podem representar uma mais valia fundamental na fase de construção e implementação dos sistemas.

Aos meus amigos Arquitectos nunca paro de dizer que se preocupem ( no minimo ) a criar uma zona técnica na casa, um espaço para onde possam vir a ser convergidas todas as cablagens e tubagens da casa por forma a agilizar a instalação de equipamentos de controlo que permitam por a comunicar os diversos sistemas da habitação.

Portugal é um dos países da Europa onde a construção é mais cara e onde o nível de oferta, em termos de qualidade e bem estar no que respeita à habitação é menor.Seria conveniente que existisse uma política concertada por parte do estado central e das autarquias para que cada vez mais as habitações tenham uma qualidade superior e estejam preparadas para receber moradores que estão cada vez mais informados e que começam a valorizar a tecnologia e todo o conforto e economia que ela proporciona.
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